Ancestrais, porém ofuscadas por outras tecnologias que surgiram ao decorrer do tempo, as paredes de barro estão novamente ganhando destaque por serem uma solução de baixo impacto, sustentável e econômica. Trata-se de um sistema rudimentar de construção no qual a terra é comprimida em caixas de madeira até atingir uma densidade ideal que permita uma estrutura resistente e duradoura.
Entre os tantos benefícios que a taipa de pilão proporciona, podemos citar alguns como o fato sua matéria prima ser abundante, a terra, possibilitando o uso do próprio terreno onde será a construção e diminuindo a emissão de gás carbônico uma vez que não necessita transportes de longa distância. Além disso, ela é atóxica e proporciona um ambiente saudável no qual a parede "respira", possui resistência ao fogo e um excelente isolamento termoacústico. Para ilustrar como essa técnica é aplicada, selecionamos cinco casas brasileiras que a adotaram.
Na Casa em Cunha, as paredes principais são feitas em taipa, através de um sistema de fôrmas autêntico que evita perfurações com cabodás e desenvolveu um canteiro de obras mais eficiente, de maneira que seus componentes modulados podem ser desmontados e remontados com facilidade. Além disso, as estruturas de taipa foram amarradas por uma cinta de concreto que serve como apoio para a estrutura metálica da cobertura. Os painéis justapostos são suficientes para sustentar toda a carga da viga e da cobertura.
Já a Casa AA buscou por uma construção com terra, para que ela pudesse respirar. Para a situação de grande umidade do local, esse material não poderia ser melhor. Foram várias técnicas empregadas – a fundação da laje é em hiperadobe, as paredes em geral são em pau a pique e uma parede estrutural é em taipa de pilão. A preocupação principal foi construir uma casa com materiais naturais, quando possível do entorno, mas com um acabamento fino. As paredes aprumadas e lisas, rompem o paradigma de que casa de terra é sempre torta ou mal acabada.
Toda a terra gerada pela movimentação da terraplenagem e proveniente das escavações das fundações, podem ser para a realização das paredes de taipa de pilão. É o que acontece no caso da Casa na Mantiqueira, na qual o material foi retirado do próprio terreno e aproveitado no embasamento de três volumes (caixas) que foram realizados com paredes de terra socada, que com 30 cm de espessura, acomodam programas da residência.
No caso da Casa de Hóspedes em Paraty, a longa parede de taipa de 6,3 m serve como barreira de ruído e é feita com terra vermelha localmente escavada. Como o terreno encontra-se numa encosta, foi necessário um nivelamento, assim, neste exemplo, também foi utilizada matéria-prima sem energia extra necessária. Inclusive, a cofragem usada para a Taipa foi mais tarde aplicada na estrutura do telhado.
Outras características que alguns arquitetos e arquitetas buscam priorizar no projeto ao adotar esta técnica milenar são a cor e a textura. Por exemplo, na Casa Bosque se assume o alaranjado da parede estrutural de taipa para compor com as cores intensas do projeto, que vai da cozinha carmim, passando pelo poltrona Mole de Sérgio Rodrigues em couro azul, encontrando ao final da sala as estantes vibrantes.
Entres as formas modernas de adaptação do uso da taipa para os tempos atuais, pode-se citar o projeto da Casa Colinas, no qual, houve um sistema próprio na produção de estruturas em taipa com o uso de formas metálicas e a mecanização de todo o processo de produção.
As informações contidas neste artigo foram retiradas do textos originais dos arquitetos. Publicado originalmente em fevereiro de 2021.